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João Carlos Salles, Naomar de Almeida Filho e Jorge Augusto ganham o Prêmio Jabuti Acadêmico 2025

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Três professores da UFBA conquistaram o 2º Prêmio Jabuti Acadêmico, uma das principais instâncias de reconhecimento literário no Brasil. As obras premiadas são “Gatos, peixes e elefantes - A gramática dos acordos profundos”, de João Carlos Salles; “Modernismo Negro: A Literatura de Lima Barreto”, de Jorge Augusto; e “Epidemiologia no Pós-Pandemia: de ciência tímida a ciência emergente”, de Naomar de Almeida Filho. O resultado foi anunciado no dia 5 de agosto de 2015, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.

 

Gatos, peixes e elefantes, A gramática dos acordos profundos. 

Para o professor João Salles, esse livro marca um trabalho mais atento sobre a obra do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein. E dá continuidade a uma pesquisa que faz há algumas décadas sobre a obra de Wittgenstein, “enfrentando um tema dos desacordos profundos, a partir de uma leitura meio singular, pela qual, no caso de Wittgenstein, devemos entender primeiro o que ele compreendia como acordos profundos, em relação aos quais o desacordo, se for profundo, implica uma quebra dessa liga originária, fundamental para o nosso modo de organizar a experiência, de fazer ciência, de lidar com o outro.”

Salles continua: “Eu tomei esse título de uma passagem que Wittgenstein escreve para Piero Sraffa, que era o seu interlocutor, com uma ligação muito forte com ele, mas uma relação que foi se deteriorando cada vez mais, até, no seu final, Wittgenstein escreve uma carta para Sraffa, na qual ele diz: “Quanto mais velho fico, tanto mais eu percebo como é terrivelmente difícil para as pessoas se entenderem, e penso que alguém se engana acerca disso pelo fato de todos se parecerem tanto: Se algumas pessoas se parecessem com elefantes e outras com gatos ou peixes, alguém não esperaria que elas se entendessem, e as coisas pareceriam muito mais o que realmente são”. Foi esse texto que fez o autor pensar o título Gatos, Peixes e Elefantes: A gramática dos acordos profundos. Esse livro é o resultado do pós-doutorado, desenvolvido no ano de 2023 pelo professor João Salles.

João Carlos Salles Pires da Silva é Doutor em Filosofia pela UNICAMP, professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e pesquisador de CNPq. Reitor da UFBA de 2014 a 2022. Também foi presidente da Associação Nacional de Dirigentes Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES).

 

Epidemiologia no Pós-Pandemia: de ciência tímida a ciência emergente

O livro do professor e reitor da Universidade Federal da Bahia (2002 a 2010), Naomar de Almeida Filho, recebeu o 2º Prêmio Jabuti Acadêmico no eixo Enfermagem, Farmácia, Saúde Coletiva e Serviço Social.

Para ele, receber o Prêmio Jabuti Acadêmico representa o reconhecimento de toda uma carreira de docente e pesquisador construída coletivamente, com a colaboração de muitos colegas, e de estudantes de doutorado, mestrado e iniciação científica, “numa área ainda bastante nova, em processo de constituição como campo científico. Por isso o subtítulo do livro: de ciência tímida a ciência emergente. E isso ocorreu com a pandemia da Covid-19. Daí que se justifica o título: Epidemiologia no pós-pandemia”. 

Naomar espera, com a difusão dessa obra, contribuir para maior conhecimento público sobre a Epidemiologia. “Por isso a escrevi num estilo de prosa, rigoroso, porém acessível, contando minha própria história como pesquisador nesse campo, especialmente focado na epidemiologia em saúde mental e com muito interesse nos aspectos metodológicos. Também acho que o livro pode confirmar a maturidade do campo da Saúde Coletiva, que tem a Epidemiologia como um dos seus eixos. A Epidemiologia, essa ciência jovem, centenária no mundo, tem menos de 60 anos no Brasil. Faço parte da segunda geração de epidemiologistas e espero ainda poder contribuir para uma visão de futuro da Epidemiologia como ciência de dados em saúde, nesse momento de emergência da Saúde Digital”, declarou o professor Naomar.

Neomar Almeida Filho é médico, doutor em epidemiologia pela Universidade da Carolina do Norte (EUA) e professor titular aposentado da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi reitor da UFBA e da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

 

Modernismo Negro: A Literatura de Lima Barreto

A terceira obra premiada pelo 2º Prêmio Jabuti Acadêmico foi Modernismo Negro: A Literatura de Lima Barreto do Doutor pelo PPGLITCULT/UFBA, docente e Mestre em Estudos de Linguagem pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB Jorge Augusto, que concorreu na categoria Letras, Linguística e Estudos Literários. 

Para o autor a premiação é importante no sentido em que viabiliza a produção intelectual negro-baiana e brasileira. “É um livro que tenciona questões centrais da produção do projeto nacional, mas faz isso a partir de um referencial teórico da cultura negro-brasileira, e em diálogo intensivo com intelectuais baianos. Então trata-se também de uma outra premiação muito cara pra mim, que é está colaborando para a circulação de ideias nas quais eu acredito e que são produzidas e defendidas por um conjunto de pesquisadores e intelectuais negros”, diz ele. 

E acrescenta: “Outra dimensão importante do Prêmio é que, no fundo, a gente quer que esses debates que visam a produção de uma sociedade mais democrática (e o livro é claro na proposição de que isso não pode ser feito sem o combate ao racismo brasileiro) cheguem quanto antes aos materiais didáticos da educação básica, e se disseminam de forma geral na sociedade, um prêmio como esse de algumas formas ajuda nesse movimento. O livro nasce de um trabalho de pesquisa na pós-graduação em Literatura e Cultura da UFBA, o PPGLITCULT, no qual hoje tenho a honra de ser professor, e se desenvolveu sob a orientação de Henrique Freitas e com intenso diálogo com a cena cultural baiana e negro-brasileira”, declarou Jorge Augusto.